“Mas, a respeito do Filho, diz: ‘O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros”. (Hebreus 1.8,9)
A Bíblia declara a existência do mundo espiritual, composto por seres angelicais, diferentes de nós humanos, porquanto se tratam de seres sem corpo físico. A maioria deles vive na presença do Deus Criador e o serve dia e noite. Outros, em menor número, se rebelaram contra o Senhor e se mancharam de pecado numa tal dimensão, que só lhes cabe o castigo eterno.
O escritor aos Hebreus fala dos seres santos e se refere a eles como “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). Entretanto, argumenta que, para a salvação do ser humano—nossa salvação, Deus não escolheu nenhum deles.
Diversos heróis da fé bíblicos tiveram o privilégio de se encontrar com representações humanas destes seres santos. Algumas de suas aparições foram pacíficas, como a de Gabriel diante de Maria. Outras foram confrontadoras, como a de Gabriel diante de Zacarias. Em todos os casos, os humanos se curvaram diante da grandeza deles. Mas nenhum deles podia ser o Redentor do mundo!
A missão de redenção do ser humano era mais alta, por conta da satisfação da justiça de Deus. Requeria qualificações e ofícios superiores a tudo quanto qualquer das criaturas de Deus poderia exibir. Assim como os seres humanos não podem alcançar, por seus esforços próprios, o perdão de Deus para os seus pecados, também os seres espirituais não são suficientes para intermediar o perdão de Deus para os pecadores.
Jesus é diferente de todos os seres criados. Ele é o Verbo desde o princípio, que estava com Deus e é Deus eternamente (Jo 1.1). Ele veio ao mundo em carne, para viver a nossa vida e sacrificar-se por nossos pecados. Ele é o único que poderia ser Deus-homem, e assim apresentar Deus ao ser humano e representar o ser humano diante de Deus.
Além de visualizarmos Jesus como Salvador, ele é Senhor de tudo quanto há. Depois de ser descrito como o Mediador da criação e de tudo quanto há nos céus e na terra, as Escrituras nos mostram seu tríplice ofício: Profeta, Sacerdote e Rei.
Nesta passagem, o autor de Hebreus destaca a escolha de Cristo como Rei citando o Salmo 45.5,6. A primeira afirmação atribuída ao Filho, diz respeito ao seu trono: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre”. As Escrituras declaram aqui a divindade de Jesus e seu direito à governança sobre toda a criação. Seu trono é eterno assim como sua existência. Nenhum ser criado é eterno como Ele.
A segunda afirmação é esta: “cetro de justiça é o cetro do teu reino”. Ao descrever Jesus como alguém que usa um cetro, nosso autor declara que este cetro, símbolo de autoridade real, é de justiça e não da injustiça. A autoridade do Rei Jesus é proveniente de sua santidade e justiça, semelhantes à de Deus o Pai. Nenhum ser criado é santo como Ele, ainda que habite na presença de Deus.
A terceira afirmação é esta: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade”. A santidade de Jesus não é apenas um estado natural do seu ser, mas uma atitude explícita de amor à justiça e ódio à iniquidade, tanto como ser divino ao se prontificar em vir ao mundo e encarnar-se, quanto como ser humano ao obedecer a vontade do Pai, e até o menor sinal gráfico de sua Palavra.
A última afirmação do texto nos mostra a escolha de Jesus: “por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros”. O óleo da unção é o ápice, a demonstração visível, nos céus e na terra, de que Jesus é o Cristo, que há de fazer justiça aos filhos de Deus, salvando-os, e justiça aos filhos das trevas, condenando-os, eternamente!
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Por: Rev. Wilson do Amaral Filho