O significado fundamental da palavra providência é “ver antes ou com antecedência”, ou “prover algo para”. Com tais sentidos, a palavra fica longe de conseguir cobrir o profundo significado da doutrina da providência, a qual significa muito mais do que Deus ser um espectador dos eventos humanos. Contém muito mais do que uma mera referência à presciência de Deus.

A Confissão de Fé de Westminster, feita no século XVII, definia providência da seguinte maneira:

“Pela mui sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho de sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória de sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas, todas a ações delas e todas as coisas, desde a maior até à menor.” (Cap. VI)

Aquilo que Deus cria, ele também sustenta. O universo não só depende de Deus para sua origem, mas depende dele também para continuar existindo. O universo não pode existir nem operar por seu próprio poder. Deus sustenta todas as coisas por seu poder. Nele nós vivemos, nos movemos e existimos.

O ponto central da doutrina da providência é a ênfase no governo de Deus sobre o universo. Ele governa sua criação com absoluta soberania e autoridade. Ele governa tudo aquilo que acontece, desde os maiores eventos até os menores. Nada jamais acontece além do âmbito do seu governo soberano e providencial. Ele faz a chuva cair e o sol brilhar. Levanta e derruba reinos. Ele conta os cabelos da nossa cabeça e os dias da nossa vida.

Existe uma diferença fundamental entre a providência de Deus e fortuna, destino ou sorte. A chave para esta diferença está no caráter pessoal de Deus. A fortuna é cega, enquanto Deus vê todas as coisas. O destino é impessoal enquanto Deus é nosso Pai. A sorte é muda enquanto Deus pode falar. Não existem forças cegas e impessoais operando na história humana. Tudo se passa por meio da mão invisível da providência de Deus.

Num universo governado por Deus não existem eventos casuais. De fato, não existe algo como acaso. O acaso não existe. Não passa de uma palavra que usamos para descrever possibilidades matemáticas, mas que não tem nenhum poder em si, porque não tem existência. O acaso não é uma entidade capaz de influenciar a realidade. Acaso não é algo real. Não é nada.

A Providência de Deus é a nossa fortaleza, o nosso escudo e a nossa grande recompensa. É ela que fornece coragem e perseverança aos santos de Deus.

(Extraído das seguintes obras de R. C. Sproul: Verdades Essenciais da Fé Cristã – 1° Caderno;  A Mão Invisível de Deus. Ambas da Editora Cultura Cristã)

Por: Robert Charles Sproul

CategoryArtigos, Pastoral
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