“Fiquem irados e não pequem. Não deixem que o sol se ponha sobre a ira de vocês, nem deem lugar ao diabo.” (Efésios 4:26,27)

Um dos aspectos mais desafiadores da vida cristã é lidar com a ira. Especificamente, a ira justa. Fundamentalmente, devemos entender que existem dois tipos de ira: A ira justa, que é alimentada pela glória de Deus; e a ira injusta, que é alimentada por nossa própria glória, ou orgulho.

Ira justa é uma coisa boa. Por que é boa? Isso mostra que o pecado nos entristece. A igreja que não se lamenta pelo pecado é uma igreja insensível. Um cristão que não sente ira justa é um cristão insensível. John Stott disse isso: “Há uma grande necessidade no mundo contemporâneo por uma ira mais cristã. Nós nos comprometemos com o pecado de uma forma que Deus nunca se compromete. Em face do mal não devemos ficar apáticos e sem raiva. Se Deus odeia o pecado, seu povo deve odiá-lo também. Que outra reação podemos esperar que a iniquidade provoque naqueles que amam a Deus?”

Mas a parte difícil é essa … “Fiquem irados e não pequem” … Muitas vezes nos falta uma reflexão sobre porque estamos irados. Talvez não seja a ira verdadeiramente justa que estamos experimentando, mas um ídolo de controle ou de conforto que foi ameaçado. A perda de posição. Uma perda de poder político. A perda de reputação. Nenhuma dessas coisas é uma justificativa para a ira, porque elas são alimentadas pelo orgulho. E nenhuma dessas coisas devem nos surpreender, Jesus nos disse que estas coisas viriam.

Nós muitas vezes misturamos tristeza genuína pelo pecado com uma mentalidade de vítima. Nós gostamos de pensar que ao expressar nossa ira somos como Jesus virando as mesas no pátio do templo, quando na realidade não conseguimos domar nossas línguas, e não produzimos o fruto do Espírito – autocontrole – em nossas vidas. Nossa ira deve ser livre de orgulho, de malícia, de animosidade e de espírito de vingança. É aí que complica.

Ao mesmo tempo, temos de ser cuidadosos em nosso discurso para não criticar a ira dos irmãos cristãos com tanta facilidade. Muitas vezes nós criticamos nossos irmãos duramente, sem saber por que um pecado particular os entristece tão profundamente. Nós conhecemos o seu passado? Sua situação familiar? Sua história? E pior ainda, em alguns casos, cristãos criticam outros crentes principalmente para ter a aprovação do mundo ou da cultura. (“Veja, eu não sou como eles.”)  Muitas vezes é mais popular criticar a igreja para a igreja do que qualquer outra coisa.

Amados, os cristãos podem e devem se entristecer pelo pecado, e assim, eles vão expressar ira justa. Talvez nem sempre da melhor maneira, nem no fórum adequado, mas vão fazê-lo. Seria cruel para nós, não permitir que eles lamentem os pecados dos outros, como o Espírito os leva a fazer. Não suponha que sua válvula para a ira justa seja a mesma válvula para qualquer ira. A questão é se a nossa ira é justa e livre de orgulho e do espírito de vingança. A verdade é que, muitas vezes, não é.

Extraído e adaptado de https://voltemosaoevangelho.com/blog/2020/08/o-cristao-e-a-ira-justa/

Por: Jay Bauman

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