“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.” João 6.37
Você já ouviu estas expressões: sinergismo, monergismo, universalismo e outros “ismos” no seio evangélico? Creio que sim. Pois bem, todos os “ismos” são interpretações que os estudiosos fazem das Escrituras. O que isto tem a ver com o evangelho de Jesus Cristo e conosco? Muita coisa!
Algumas interpretações são muito distantes das Escrituras. A Igreja Presbiteriana do Brasil adota a interpretação reformada, monergista, muito bem expressa pela Confissão de Fé e pelos Catecismos de Westminster, e os entende como exposição fiel das Escrituras. Vamos, então, aplicar esta interpretação ao texto acima?
(1) Quem é “todo aquele”? Jesus está falando do ser humano, homem e mulher, de todas as idades, criado por Deus à sua imagem e semelhança (Gn 1.27), caído e escravizado ao pecado (Rm 3.23), morto espiritualmente (Ef 2.1-ss), que vive sem Deus no mundo (Ef 2.12) e que, por si mesmo, jamais entenderá e crerá no evangelho (1Co 2.14).
(2) “que o Pai me dá”. Jesus está declarando um mistério. Enquanto os seres humanos vivem nesta terra, alienados, perdidos e condenados por seus pecados desde a sua concepção (Sl 51.5; Rm 6.23), já houve uma decisão anterior de Deus, por Seu santo arbítrio, pela qual Ele determinou ao Seu Filho salvar alguns (Jo 6.39,65; 17.2,6,9,12,24; Ef 1.4). Ainda que o sacrifício vicário de Jesus seja propiciatório para o mundo inteiro (1Jo 2.2), somente aqueles a quem o Pai deu ao Filho são perdoados, libertos da condenação eterna e têm uma herança com Cristo na eternidade (Jo 5.24).
(3) “esse virá a mim”. Este é outro mistério. Como a pessoa aceita a Cristo como Senhor e Salvador de sua vida? A Confissão de Fé de Westminster aponta para a “vocação eficaz” proveniente “da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem [… que, estando morto nos delitos e pecados é] inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada”. (2Tm 1.9; Tt 3.4-5; Rm 9.11; 1Co 2.14; Rm 8.7-9; Ef 2.5; Ez 36.27; Jo 5.25).
(4) “e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”. Cremos em Cristo pela livre e especial graça de Deus, que nos convenceu e atraiu, nos vivificou e renovou pelo Espírito Santo, e nos deu fé para crer e crescer em Cristo (2Co 5.14-17). Podemos perder tudo isso, sendo uma obra totalmente produzida e operada por Deus? Jesus declarou: “de modo nenhum o lançarei fora”. E se enfraquecermos, ou pensarmos em desistir da fé? A Confissão de Fé nos lembra que nossa fé “pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e enfraquecida, mas sempre alcança a vitória, atingindo em muitos a uma perfeita segurança em Cristo, que é não somente o autor, como também o consumador da fé”. (Rm 4.19-20; Mt 6.30; 5.10; Ef 6.16; 1Jo 4.5; Hb 6.11,112; 10.22; 12.2).
Como crentes em Jesus Cristo, devemos nos alegrar e exultar no Senhor, por Sua graça irresistível para conosco e por Seu imenso amor perdoador, que nos capacita a crer em Jesus para a vida eterna, e isto não nos será tirado! É o Evangelho em sua inteira pureza!
Foto: Freepik
Por: Rev. Wilson do Amaral Filho