“Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor e na prática de boas obras. Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações, ainda mais agora que vocês veem que o Dia se aproxima”. (Hebreus 10.24,25)

A Carta aos Hebreus aponta a superioridade de Cristo em relação às leis cerimoniais do Antigo Testamento. No entanto, muitos membros daquela igreja sofriam pressões a fim de voltarem às práticas religiosas do Antigo Testamento. É possível que alguns cristãos hebreus estivessem se afastando do convívio comunitário, retornando às práticas cerimoniais e, portanto, descrendo da obra salvífica do Filho de Deus. A partir desse texto de Hebreus 10.24,25 encontramos algumas lições:

A. A vida na comunidade local requer consideração mútua
O verbo “cuidar” e a expressão “uns aos outros” nos remetem a uma responsabilidade mútua que deve marcar os nossos relacionamentos na esfera da igreja, guiando-nos ao cuidado fraternal, uma vez que as pessoas vivem etapas espirituais distintas. Há aqueles que estão numa fase de envolvimento, prazer e dedicação; e outros vivendo dias de fraqueza, dúvidas e infelicidade. Muitos cristãos hebreus estavam considerando a possibilidade de voltar ao sistema levítico do judaísmo, abandonando a vida em Cristo e desistindo da fraternidade cristã. Por isso, a consideração recíproca torna-se um emblema real da preocupação e do compromisso entre todos os cristãos e o modo como cada um trata sua comunidade local.

B. A vida na comunidade local requer estímulo do amor e das boas obras
Ao exortar os hebreus, o autor mostra que o “animar uns aos outros” ao amor e à prática das boas obras são marcas centrais na identidade cristã. É importante lembrar que essa igreja, além de suas lutas no campo teológico, também enfrentava humilhação, pressões psicológicas e, em determinados casos, violência física. Aqueles irmãos são estimulados a demonstrar amor a Deus e ao próximo. Nesse sentido, uma das expressões visíveis do amor é a prática da bondade, o que nos permite revelar por meio das boas obras a natureza graciosa de Deus aos homens. Ao nos tornarmos membros de uma igreja somos convidados pelo Senhor a ter gestos de afeto e cuidado com os nossos irmãos, evidenciando que a igreja não é um lugar de solidão, inimizade, mágoa, etc. Pelo contrário, somos família, o corpo de Cristo, expressando a glória do Senhor em nossos relacionamentos.

C. A vida na comunidade local requer comunhão responsável
A ausência de alguns irmãos estava tornando-se um hábito pecaminoso, a ponto do autor afirmar: “Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns”. A vida em comunhão e a celebração cúltica são elementos que estruturam nossa vida de fé. O encontro com Deus e com o seu povo nos cultos é uma indicação do amor para com ele e com nossos irmãos. O abandono dessa liturgia de amor, adoração e vivência provoca enfraquecimento.

Fonte: Nossa Fé – Revista do Aluno. Desigrejado? Nem pensar – Jesus, sim. Igreja, também. (pp. 9-10). Editora Cultura Cristã.
Por: Rev. Luís Roberto Navarro Avellar

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