Por Seminarista Fabiano Muchiutti
O versículo escrito por Paulo traz um ensino muito precioso. Ao olharmos o texto original, vemos que o uso do imperativo presente negativo mostra não apenas uma mera recomendação, mas uma ordem para que deixassem de realizar. Além disso, o uso do verbo no presente mostra que a proibição não seria apenas pontual, mas que esta serviria em todo o tempo, para todas as épocas, e consequentemente para todos os cristãos, como nós (1).
O jugo é um instrumento utilizado em animais para que estes trabalhem em conjunto, normalmente em pares. A grande questão deste tipo de acessório é que a sua eficácia somente se daria quando dois animais com a mesma estatura e força trabalhassem ao mesmo tempo, pois se houvesse alguma diferença entre eles, a carroça ou o arado perderia a sua eficiência, e talvez a sua utilidade.
A separação proposta por Paulo não é necessariamente uma separação física, mas uma separação em procedimentos, pensamentos, ideias e atitudes, que por vezes pode gerar uma separação física, mas nem sempre. A exortação é para que nenhum crente se coloque em alguma situação com um descrente de forma que ele seja obrigado, influenciado ou levado a desobedecer a Deus e à sua Palavra.
Provavelmente esta seja a razão pela qual ouvimos diversas pregações dizendo que o casamento misto é algo desaconselhável, pois certamente a união conjugal com um incrédulo colocaria o crente em situações diversas em que ele poderia incorrer em pecado, negando a sua fé e a Escritura. Porém, entendendo o propósito da escrita, vemos que limitar este ensino ao casamento é diminuir demais a ordem dada, pois existem diversas outras situações em que um cristão pode incorrer em jugo desigual.
Andar em pecado sempre trouxe consequências ao homem, da mesma forma em que andar em santidade e retidão no cumprimento de sua Palavra sempre trouxe bênçãos. Vemos na história como homens que honraram a Deus foram grandemente abençoados pelo Senhor. Porém, em tempos de doutrina da prosperidade, quem é capaz de afirmar isso? E este é um dos erros que podemos cometer, deixarmos de anunciar as verdades da Escritura ao invés de corrigirmos erros doutrinários.
Devemos mostrar que Deus continua abençoando com grandiosas bênçãos, mas devemos mostrar que as bênçãos materiais são infinitamente menores do que as espirituais. Ou existe algo melhor do que andar com Deus e saber que ele anda conosco? Ou existe algo melhor do que entendermos que em Cristo fomos adotados como filhos, e que nosso Pai cuida do seu povo?
Nota: 1 – Wallace, Daniel B., Gramática Grega: uma sintaxe exegética do Novo Testamento, Ed. Batista Regular, São Paulo, 2009