Estou escrevendo essa mensagem pastoral na manhã da sexta-feira (8/11). Pouco antes de iniciar essa escrita, fui tomar café da manhã e ouvi a seguinte frase de um dos meus filhos: “Estou com fome, mas não quero comer”. E justamente hoje que tem até pão doce! (dificilmente compramos pão doce pois sempre que a Cris pergunta no balcão da padaria se os pães doces foram feitos no dia, a resposta é negativa). Mesmo com essa fartura na mesa (pão francês, requeijão, manteiga e pão doce), quase um café da manhã de hotel, o que eu ouvi foi: “Estou com fome, mas não quero comer”.

Essa frase ficou na minha mente. Estou aqui pensando: O que leva alguém a estar com fome mas não querer comer? O que impede alguém de estar com problemas de saúde e não querer se cuidar? O que impede alguém de estar com um problema de relacionamento e não querer consertar? Creio que o motivo principal seja: preguiça.

O problema da preguiça é deixarmos de viver de acordo com o plano de Deus para nós quando Ele nos criou para sermos trabalhadores sábios e diligentes.

No Livro de Provérbios encontramos exortações claras a respeito da preguiça e do preguiçoso. Em seu artigo Quatro lições contra a preguiça e a ociosidade*, Scott Hubbard destaca algumas dessas exortações de Provérbios, das quais destaco duas:

  1. “Um pouco” produz acúmulo. “Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso” (Pv 24.33). O sábio pode ouvir e receber instrução. “Um pouco”, sem dúvida, é insignificante, exceto pelo menos quando unido a milhares de outros poucos. Muitas pequenas gotas de chuva forma um lago. Muitos pequenos cortes derrubam uma árvore. Portanto, como lidamos com pouco — poucas tentações, poucas decisões, poucas oportunidades para negação do ego — é muito importante. Como evidência, Salomão recomenda considerarmos uma das menores criaturas. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio” (Pv 6.6).
  2. Negligência produz ervas daninhas. “Passei pelo campo do preguiçoso e… eis que tudo estava cheio de espinhos.” (Pv 24.30-31). Ao se revolver em sua cama ou repetir mais um prato em seu almoço, o preguiçoso não imagina que está fazendo algum mal. Que mal um pouco mais de soneca pode fazer? Qual é o problema em umas garfadas a mais daquela comida? Mas, enquanto ele dorme, lancha e canta uma pequena melodia, espinhos conquistam quietamente seu campo. O preguiçoso não plantou os próprios espinhos, é claro — mas, por não trabalhar, ele pode muito bem ter favorecido o surgimento deles. Se não sulcamos a terra, se não a aramos e não plantamos a boa semente, preparamos naturalmente o solo para outro propósito. Negligência produz ervas daninhas.

Em Cristo, o que quer que façamos tem importância espiritual, desde a oração em secreto a acordar-nos com o alarme do despertador, desde comunhão a fazermos o dobro em nosso trabalho. Vivemos e trabalhamos diante dos olhos de nosso bom Senhor Jesus. Seu reino nos chama. Seu Espírito nos enche. Suas promessas nos dão poder. E sua força nos compele a mortificarmos diariamente o preguiçoso que habita dentro de nós.

* https://voltemosaoevangelho.com/blog/2024/01/quatro-licoes-contra-a-preguica-e-a-ociosidade

Por: Luís Roberto Navarro Avellar

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