[…] sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. (Ef 5.21)
As pessoas se submetem umas às outras por muitas razões — com base na política ou nas estruturas sociais, ou mesmo com base no pragmatismo. Às vezes, é muito mais fácil (e certamente melhor!) apenas se submeter às pessoas do que correr o risco de parecer rude ou conflituoso.
Nenhuma dessas razões, no entanto, constitui fator motivador para a submissão cristã. Em vez disso, a característica distintiva de nossa submissão uns aos outros deve ser que ela é feita “por reverência a Cristo”. Ajoelhar-se diante de Jesus nos impede de nos preocuparmos com nós mesmos. A reverência por Cristo não apenas nos afasta de nós mesmos; ela nos puxa em direção a Jesus. Nele vemos como atender ao chamado da submissão, pois foi o próprio Jesus quem ensinou: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva […] tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.26, 28). Ele não apenas disse essas palavras, mas também as viveu.
Considere, por exemplo, a lavagem dos pés dos discípulos por Jesus em João 13. Como João registra: “Sabendo [Jesus] que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos” (Jo 13.3-5). O que estava acontecendo aqui? Nada menos do que a submissão de Deus Filho a Deus Pai. Aquele que veio de Deus e é Deus estava se tornando nada ao “[assumir] a forma de servo” (Fp 2.7).
Jesus veio para fazer não a sua própria vontade, mas a de seu Pai (Jo 6.38). Como resultado, ele aceitou as dificuldades. Ele foi isolado e maltratado. Ele suportou maldade, mal-entendidos e morte. Jesus foi quebrado para que nossa vida quebrada possa ser reparada e transformada. Foi ele quem veio para morrer na cruz, submetendo-se à vontade do Pai, a fim de que pudesse providenciar um resgate para todos os que são humildes o suficiente para se curvar e dizer: “Esse é exatamente o Salvador de que preciso”.
Quando consideramos Cristo como ele realmente é, não podemos deixar de sermos movidos a reverenciá-lo. Quem mais respeitaríamos e amaríamos mais do que a divina segunda Pessoa da Trindade, que estava disposta a se submeter até a morte em obediência ao seu Pai e para o bem do seu povo? E, quando reverenciamos a Cristo, estamos prontos para ter a mesma atitude que ele: uma atitude que não busca proeminência, nem se esforça para obter autoridade ou defender nossos próprios direitos, mas que obedece a Deus submetendo nossos próprios interesses aos de nossos irmãos e irmãs.
Existem muitas razões pelas quais podemos optar por nos submeter a outro (e muitas outras razões pelas quais podemos optar por não o fazer). Porém, que isto seja verdade para você: submeta-se aos outros em sua igreja por reverência a Cristo, que se submeteu a seu Pai e, ao fazê-lo, se tornou seu Salvador.
Fonte: https://voltemosaoevangelho.com/blog/devocionais/reverencia-por-cristo-efesios-5-21/
Por: Alistair Begg